PiTacO do PapO! 'Aquarius' - 2016
NOTA 9.8
Em uma de suas entrevistas para a divulgação do seu novo filme, Sônia Braga, que estava há mais de uma década longe do cinema nacional, afirmou que ao ler o roteiro de 'Aquarius' , sob a direção de Kleber Mendonça Filho, congelou imediatamente: 'Sou eu, Clara sou eu !' Ao assistir a história dessa forte e destemida mulher , que venceu um câncer e que não leva desaforo pra casa, percebemos que o papel parece realmente ter sido escrito pra ela.
Na história, como já dissemos antes , Sônia Braga vive Clara, uma jornalista aposentada de 65 anos , viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento no Ed Aquarius, localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessados em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.
Não é segredo pra ninguém que 'Aquarius' estreia debaixo de polêmicas quentÃssimas devido ao protesto em pleno tapete vermelho do Festival de Cannes neste ano quando o elenco com cartazes em punho protestou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ouve- se falar até de boicote daqueles a favor do ato de impedimento. Kleber Mendonça Filho, declarou recentemente que o efeito deve ser exatamente o contrário. E na minha humilde opinião também: saà pra uma sessão e os ingressos estavam esgotados, consegui um dia depois e com a sala mega lotada. Apesar do filme também ser um tanto quanto polÃtico e falar de escolhas (e em aceitá-las ou não), não acredito que seja saudável misturas as coisas. Arte é arte, polÃtica é polÃtica.
Mendonça Filho já havia dirigido o elogiado 'O Som ao Redor' que inovou e fez o cinema parecer bem mais simples do que é. Em 'Aquarius', ele acaba por realizar o mesmo feito: o longa tem uma naturalidade em seu desenvolvimento que parece que aquela história estava ali acontecendo na frente dos nossos olhos e a câmera funcionando meio como um terceiro personagem. A direção, ainda trabalha com uma metáfora, que vai se revelar mais claramente ao final do filme: Clara venceu um câncer na juventude e, agora, está disposta a se tornar o câncer para seus inimigos. Talvez não caiba ao espectador julgar essa atitude rancorosa da personagem, mas o que o filme propõe é a ideia que o indivÃduo – e é aà que se revela sua vocação polÃtica – não é obrigado a aceitar as opressões que lhe são impostas. Ou, colocando em outras palavras, ninguém tem o direito de exigir que uma pessoa abandone aquilo no qual acredita (seja isso uma propriedade particular, uma lembrança ou simplesmente uma consciência tranquila).
A cena final é deveras poderosa e não há como não sair impactado da sessão, que ao findar , ouviu-se palmas por toda sala ainda escura...uma das nossas melhores obras acabou de nascer. 'Aquarius', que coleciona prêmios por onde passa, está em cartaz nos cinemas de todo Brasil.
Super Vale Ver !
Em uma de suas entrevistas para a divulgação do seu novo filme, Sônia Braga, que estava há mais de uma década longe do cinema nacional, afirmou que ao ler o roteiro de 'Aquarius' , sob a direção de Kleber Mendonça Filho, congelou imediatamente: 'Sou eu, Clara sou eu !' Ao assistir a história dessa forte e destemida mulher , que venceu um câncer e que não leva desaforo pra casa, percebemos que o papel parece realmente ter sido escrito pra ela.
Não é segredo pra ninguém que 'Aquarius' estreia debaixo de polêmicas quentÃssimas devido ao protesto em pleno tapete vermelho do Festival de Cannes neste ano quando o elenco com cartazes em punho protestou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ouve- se falar até de boicote daqueles a favor do ato de impedimento. Kleber Mendonça Filho, declarou recentemente que o efeito deve ser exatamente o contrário. E na minha humilde opinião também: saà pra uma sessão e os ingressos estavam esgotados, consegui um dia depois e com a sala mega lotada. Apesar do filme também ser um tanto quanto polÃtico e falar de escolhas (e em aceitá-las ou não), não acredito que seja saudável misturas as coisas. Arte é arte, polÃtica é polÃtica.
Mendonça Filho já havia dirigido o elogiado 'O Som ao Redor' que inovou e fez o cinema parecer bem mais simples do que é. Em 'Aquarius', ele acaba por realizar o mesmo feito: o longa tem uma naturalidade em seu desenvolvimento que parece que aquela história estava ali acontecendo na frente dos nossos olhos e a câmera funcionando meio como um terceiro personagem. A direção, ainda trabalha com uma metáfora, que vai se revelar mais claramente ao final do filme: Clara venceu um câncer na juventude e, agora, está disposta a se tornar o câncer para seus inimigos. Talvez não caiba ao espectador julgar essa atitude rancorosa da personagem, mas o que o filme propõe é a ideia que o indivÃduo – e é aà que se revela sua vocação polÃtica – não é obrigado a aceitar as opressões que lhe são impostas. Ou, colocando em outras palavras, ninguém tem o direito de exigir que uma pessoa abandone aquilo no qual acredita (seja isso uma propriedade particular, uma lembrança ou simplesmente uma consciência tranquila).
A cena final é deveras poderosa e não há como não sair impactado da sessão, que ao findar , ouviu-se palmas por toda sala ainda escura...uma das nossas melhores obras acabou de nascer. 'Aquarius', que coleciona prêmios por onde passa, está em cartaz nos cinemas de todo Brasil.
Super Vale Ver !
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