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PiTacO do PapO - 'Doentes de Amor' (2017)

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud



Namorar é gostoso mas não é fácil, imagine namorar e viver uma paixão com a oposição de toda família - conflito de culturas, amor, doença e superproteção familiar. A comédia dramática “Doentes de Amor” (The Big Sick) traz esses temas com leveza e inteligência, e mostra que até na desgraça é possível encontrar humor, boas risadas, e claro, uma lição.



Kumail (Kumail Nanjiani, que além de protagonizar escreveu o roteiro baseado em sua própria história) é um humorista de stand-up comedy descendente de paquistaneses, fã de filmes de terror e de “Arquivo X”,que trabalha como motorista de Uber para viver. Seus shows são de piadas sobre sua cultura-natal; depois de um deles, ele conhece a estudante de Psicologia Emily, e o que era pra ser apenas uma noite de sexo casual acaba se tornando um relacionamento sério, pois eles não conseguem resistir à atração e encanto que sentem um pelo outro. Porém a família de Kumail não aceita que seus membros se casem com americanos não-muçulmanos, sob pena de exílio familiar.

O comediante não entende como mesmo morando na América a família tenha que seguir com rigor os costumes paquistaneses. O namoro acaba, Emily adoece e diante da doença misteriosa Kumail se junta em solidariedade aos pais da ex-namorada. A doçura do filme se concentra principalmente nesses momentos em que ele convive com a família de Emily, compartilhando com ela as lembranças e também aflição e culpa diante da incerteza em relação ao que virá.

Boas piadas de situações quotidianas bobas. O pai moderninho dando dicas de estilo e contando suas peripécias cybernéticas, a mãe que empurra pretendentes paquistanesas (que chegam “por acaso”) durante os jantares da família são impagáveis. Curioso que as apresentações de stand-up do filme (propositalmente) não fazem muito sucesso com o público, pelo contrário, o faz bocejar . O espectador ri mesmo é das bobeiras: do colega de quarto nerd, do fingimento na hora da prece e até dos momentos de intimidade constrangedores com a namorada, um melhor que outro!

Ninguém na trama é o mocinho ou vilão, são gente como a gente, com erros e acertos durante a vida, com qualidades e defeitos. O excesso de zelo familiar é sempre justificado, os sacrifícios dos pais são sempre pro bem da prole assim como devidamente cobrados e jogados na cara dela. A trama, além do conflito de culturas, foca na revisão de tabus diante de uma situação limítrofe e triste. Diante de algo maior,pequenos entraves se transformam em nada.

O elenco é sensacional: o comediante Kumail Nanjiani ( mais conhecido pela série “Sillicon Valley”) é engraçado sem fazer esforço pois faz piada de si próprio com naturalidade . Holly Hunter rouba a cena como Beth, a mãe dominadora de Emily que tem vários problemas com o marido, mas que se mantêm juntos e firmes pela filha. Destaque também para os coadjuvantes incríveis que interpretam a família de Kumail, que fazem de tudo pra que ele se torne advogado e se case com uma paquistanesa.

Como é bom ver que comédias de quotidiano não são um formato esgotado, quando bem feitas ainda rendem ótimos filmes, pois todos se identificam com uma ou outra situação mostrada.

Um filme simples, mas muito envolvente pelo qual é impossível não se apaixonar. “Doentes de Amor” é um dos destaques do Festival Internacional de Cinema do Rio. 


Super Vale Ver! 


DIREÇÃO
Michael Showalter

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Emily V. Gordon, Kumail Nanjiani
Produção: Barry Mendel, Judd Apatow
Fotografia: Brian Burgoyne
Trilha Sonora: Michael Andrews
Estúdio: FilmNation Entertainment
Montador: Robert Nassau
Distribuidora: Califórnia Filmes

ELENCO

Adeel Akhtar, Aidy Bryant, Anupam Kher, Bo Burnham, Celeste Arias, David Alan Grier, Ed Herbstman, Holly Hunter, Jeff Blumenkrantz, Jeremy Shamos, Kuhoo Verma, Kumail Nanjiani, Kurt Braunohler, Linda Emond, Mitra Jouhari, Myra Lucretia Taylor, Ray Romano, Rebecca Naomi Jones, Shana Solomon, Shenaz Treasury, Vella Lovell, Zenobia Shroff, Zoe Kazan

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